30 octobre 2018

« Le Brésil a besoin de bras » : quand Mário de Andrade saluait Blaise Cendrars…

Ces jours-ci paraît le n°2 de Constellation Cendrars (Classiques Garnier, 159p., 26€), le fameux bulletin annuel de l’AIBC (Association internationale Blaise Cendrars) et du CEBC (Centre d’études Blaise Cendrars) qui se plaît à présenter des inédits, des contributions littéraires et des articles critiques rendant compte des recherches actuelles autour de l’œuvre de Cendrars.

Les passionnés du Cendrars brésilien ou du Brésil cendrarsien (ce qui n’est sans doute pas tout à fait la même chose) s’y régaleront p.43-64 d’un document essentiel dans l’histoire de la réception de l’œuvre et de la personnalité de l’écrivain au Brésil, et en particulier parmi les intellectuels et artistes de la génération moderniste dans les années 1920 : le long article que le « pape du futurisme » local, j’ai nommé Mário de Andrade, consacra à l’hôte prestigieux, modèle d’émancipation avant-gardiste, dès son arrivée en 1924, dans la très sérieuse Revista do Brasil.
Un acte de lecture généreux, subjectif, un exercice critique engagé et scrupuleux, et somme toute un hommage pour le moins paradoxal où s’exerce une belle forme d’anthropophagie culturelle avant la lettre, et où s’énonce, par la même occasion, une certaine conception du Brésil. Une grande petite histoire d’influences et de discriminations. L’article valut à Mário, à l’époque, les moqueries de quelque observateur français par trop chagrin — et de Cendrars lui-même. On jugera sur pièce.
Tiré des archives (et d’un projet d’anthologie au long cours), jusqu’alors inédit en français, ce texte est ici présenté, traduit et annoté par le spécialiste mondial de ces passionnantes questions.

Résumé (officiel) :
Mário de Andrade (1893-1945), jeune poète, critique et chef de file du mouvement moderniste à São Paulo, est avec cet article l’un des premiers à célébrer la venue de Cendrars au Brésil, en 1924. Après un bilan de l’œuvre, passionnément lue et étudiée, l’auteur s’interroge sur le jeu des influences européennes dans le Brésil d’alors et, comme par un sursaut de sentiment national, en vient à définir l’apport de Cendrars, paradoxalement émancipateur, à sa propre démarche poétique et intellectuelle.

19 octobre 2018

Un communiqué

Voyez comme les esprits & les langues s’agitent, au Brésil, autour d’Oswald de Andrade & du modernisme, à l’occasion des 90 ans du Manifeste anthropophage


O Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade, foi o início de um movimento de vanguarda que marcou a primeira fase modernista no Brasil, com o objetivo de estruturar uma cultura de caráter nacional. Em 2018, o Manifesto completa 90 de publicação e, para celebrar, a Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo, em parceria com a Oficina Cultural Oswald de Andrade, instituições da Secretaria da Cultura do Estado, realizam o « Devorando Oswald », projeto que acontece entre outubro e dezembro e reúne shows, recitais, filmes, palestras, cursos e muito mais. A proposta é colocar em evidência a obra crítica-literária de Oswald, criando diálogos com a música, o cinema, o teatro e outras linguagens.

No ciclo de palestras Antropofagia e tradução, Álvaro Faleiros, Edgar Filho, Izabela Leal e Marcelo Tápia partem do conceito de antropofagia de Oswald de Andrade e avaliam a sua relevância para os estudos da tradução literária, abordando o tema de diferentes perspectivas. Os encontros acontecem 18, 19, 25 e 26 de outubro, quinta e sexta-feira às 19h na Casa Guilherme de Almeida.

O espetáculo Esbarro é inspirado nos encontros e desencontros da amizade entre Mário e Oswald de Andrade. Na intervenção cênica, José Rubens Chachá e Pascoal da Conceição dão vida a Oswald e Mário nos dias 20 e 27 de outubro, sábado às 18h na Oficina Cultural Oswald de Andrade e 24 de novembro e 1 de dezembro, sábado às 19h na Casa Mário de Andrade.

Qual o impacto da tropicália na arte brasileira do século XXI? No curso Tropicália hoje, Luciano Garcez aborda os contextos históricos e as características estéticas da Bossa Nova e da Tropicália, bem como seus protagonistas e sua influência na cultura musical brasileira, a partir da análise de poesias e músicas. A atividade acontece na Casa das Rosas entre 10 de novembro e 1 de dezembro, sábado às 16h.

Veja a programação completa do Devorando Oswald:

OUTUBRO

Palestra | Ouvindo Oswald
9/10. Terça-feira, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Cid Campos
Conversa com o responsável pelo tratamento musical de Ouvindo Oswald (1999), que fala do processo desse trabalho que recuperou registros da voz de Oswald de Andrade realizados no final de sua vida.

Curso | A (Re)formação da literatura brasileira: uma tradição concreta
10 a 31/10. Quartas-feiras, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Dirceu Villa
São apresentadas importantes intervenções críticas da poesia concreta na reinvenção da tradição poética do Brasil, que promove a revisão histórica e literária de autores como Gregório de Matos, Sousândrade, Kilkerry e Oswald de Andrade.

Sarau | Os três Andrades
13/10. Sábado, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Alexandre Mello, Déborah Castolline, Gabriel de Almeida Prado e Liw Ferreira
O sarau apresenta uma seleção de poesia modernista brasileira a partir de canções que dialogam com poemas dos famosos três Andrades: os poetas Mário, Oswald e Carlos Drummond.

Palestra | A (Re)visão de Oswald de Andrade por Haroldo de Campos
16/10. Terça-feira, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Thiago de Melo
Refletindo sobre como Haroldo de Campos abordou a ideia de tradição literária dentro de sua produção ensaística, a palestra discute a dialética envolvida na revisão que o autor fez sobre a obra do modernista Oswald de Andrade.

Bate-papo | A escrita experimental de Oswald de Andrade
18/10. Quinta-feira, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Susanna Busato
Em uma discussão crítico-analítica das formas do discurso poético de Oswald, o bate-papo discute o que o estilo proposto por ele ainda tem a nos ensinar.

Palestra | Antropofagia e Tradução
18 a 26/10. Quintas e sextas-feiras, 19h às 21h
Local: Casa Guilherme de Almeida
Com Marcelo Tápia (18/10), Edgar Filho (19/10), Izabela Leal (25/10) e Álvaro Faleiros (26/10)

2º Sarau « Performance Mater »: especial Oswald de Andrade
20/10. Sábado, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Flávio Viegas Amoreira, Leonardo Aldrovandi e Mauricio Salles Vasconcelos
O sarau traz escritores que manifestam em sua expressão desdobramentos da influência de Oswald de Andrade e da Tropicália.

Teatro | Esbarro
20/10 e 27/10. Sábados, 18h às 20h
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade

NOVEMBRO

Curso | Tropicália hoje
10/11 a 1/12. Sábados, 16h às 18h
Local: Casa das Rosas

Oswald de Andrade e Flávio de Carvalho: amigos, antropófagos
13/11. Terça-feira, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Veronica Stigger
A partir da leitura cruzada de retratos que um fez do outro – como o retrato a óleo de Oswald feito por Flávio, e a transformação de ações de Flávio em elementos da peça O homem e o cavalo, de Oswald – a palestra fala da relação de amizade e afinidade estética entre estas duas grandes personalidades do modernismo.

Sarau para Oswald
17/11. Sábado, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Beatriz Azevedo
Dedicado especialmente a celebrar a obra oswaldiana, o recital conta com performances poético-musicais que atualizam a percepção de seus poemas e textos.

Sarau | Expresso Poesia Especial: Mario de Andrade
24/11. Sábado, 14h30 às 15h
Local: Casa das Rosas
Com Pascoal da Conceição

Bate-papo | Poéticas 21: a poesia e os poetas em debate
24/11. Sábado, 19h às 21h
Local: Casa das Rosas
Com Chacal e Bruno Brum. Mediação de Edson Cruz
Dois poetas convidados, um veterano e outro nem tanto, dialogam sobre seus projetos, sua visão de mundo, suas leituras de formação, obras e autores favoritos. Tudo recheado com a leitura de poemas próprios, com mediação do poeta e editor Edson Cruz.

Teatro | Esbarro
24/11 e 1/12. Sábados, 19h às 21h
Local: Casa Mário de Andrade

DEZEMBRO

Sarau | Expresso Poesia Especial: Oswald de Andrade
1/12. Sábado, 14h30 às 15h
Local: Casa das Rosas
Com José Rubens Xaxá

Cinema | Luz vadia – mostra de cinema antropofágico
1, 11, 12, 13 e 14/12. Diversos horários
Local: Casa Guilherme de Almeida
Curadoria de Rudá K. Andrade
Orgia ou O Homem que Deu Cria (1970) | 1/12. Sábado, 15h
Direção: João Silvério Trevisan
Como era gostoso meu francês (1971) | 11/12. Terça-feira, 18h
Direção: Nelson Pereira dos Santos
Curtas-metragem de Rudá K. Andrade | 12/12. Quarta-feira, 18h
Exibição de Luz vadia (2005), Gigante de Jequitinhonha (2005), Postumus (2001), Castelar (2012) e Vissungo com angu (2013).
Hitler 3º Mundo (1968) | 13/12. Quinta-feira, 18h
Direção: José Agrippino de Paula
O Homem do Pau Brasil (1981) | 14/12. Sexta-feira, 18h
Direção: Joaquim Pedro de Andrade

Exposição | Tarsivaldo
1/12/2018 a 2/3/2019. Terça-feira a domingo, 10h às 18h
Local: Casa Mário de Andrade
A mostra exibe a troca de correspondência entre Mário de Andrade e o casal Oswald e Tarsila do Amaral, além de textos, fotos e pinturas relacionadas, com intuito de revelar aspectos da amizade entre os três artistas modernistas.

Palestra | Cartas de Mário – A relação entre Mário e Oswald por meio das correspondências
1/12. Sábado, 16h às 18h
Local: Casa Mário de Andrade
Com Gênese Andrade
Na palestra, o público pode conhecer a convivência estabelecida entre Mário e Oswald de Andrade por meio da troca de correspondências.

Evento | Paulista Poética: Oswald na mira
8/12. Sábado, 10h30 às 21h
Local: Casa das Rosas
Neste programa celebrativo dos 14 anos de Casa das Rosas como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, o Museu exalta a multiplicidade poética da cidade. Além disso, para integrar a comemoração dos 90 anos do Manifesto Antropófago, o evento será também dedicado à obra de Oswald de Andrade, contando com show especial de José Miguel Wisnik, que apresenta versões musicadas de poemas do autor.

Oficina | Cartas entre amigos – Tarsila, Oswald e Mário
8/12. Sábado, 14h30 às 16h
Local: Casa Mário de Andrade
Com Núcleo de Ação Educativa
A proposta desta oficina é vivenciar a leitura e a escrita de cartas pessoais. Os participantes têm acesso a parte da correspondência trocada entre Mário de Andrade e seus amigos durante uma visita especial em sua antiga residência.

SOBRE A POIESIS
A POIESIS – Organização Social de Cultura é uma organização não governamental que desenvolve e gere programas e projetos, pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.

Serviço: Devorando Oswald
De outubro a dezembro.
Mais informações nos sites e redes sociais dos espaços.
Casa das Rosas – Avenida Paulista, 37, Paulista
Casa Guilherme de Almeida – Rua Macapá, 187, Sumaré
Casa Mário de Andrade – Rua Lopes Chaves, 546, Barra Funda
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro

Poiesis – Assessoria de Imprensa
Carla Regina – Coordenação | (11) 4096-9827 | carlaregina@poiesis.org.br
Marcela Reis | (11) 4096-9857 | marcelareis@poiesis.org.br
Victória Durães | (11) 4096-9810 | victoriaoliveira@poiesis.org.br

Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo – Assessoria de Imprensa
Stephanie Gomes – stgomes@sp.gov.br – (11) 3339-8243
Bete Alina Skwara – betealina.culturasp@gmail.com – (11) 3339-8164
Monique Rodrigues – monique.culturasp@gmail.com – (11) 3339-8308

17 octobre 2018

#elenão - Autour d'un drapeau (2)


Note:
Ici, dans le mouchoir de poche de Bois Brésil & Cie, tout commence et tout se pense à partir de la mythique et géniale couverture réalisée par Tarsila do Amaral pour le recueil Pau Brasil (1925) d’Oswald de Andrade (voyez la tapisserie du blog) : un habile détournement de la bannière nationale brésilienne, geste minimal et d’autant plus efficace, par simplification du graphisme officiel et escamotage de la devise positiviste empruntée, « Ordem e progresso » (ordre et progrès), au profit d’une autre plus authentique, « Pau-brasil » (le bois brésil, première matière d’exportation brésilienne), primitiviste, nationaliste certes mais en un sens résolument ouvert, en phase et en dialogue avec la modernité, la diversité et l’universel.
Près d’un siècle plus tard, l’idéal d’un Brésil conquérant, progressiste et heureux, tel que le prônait le couple poético-artistique « Tarsiwald », peut sembler contredit, irrémédiablement compromis par le succès fulgurant d’une sinistre figure politique qui n’est qu’un nouvel avatar (mutatis mutandis) de l’intégralisme, éphémère mouvement simili-fasciste préparé, dans le champ culturel, par le courant verde-amarelo (vert-jaune, les couleurs du drapeau brésilien) que l’anthropophagie oswaldienne avait su dévorer d’une mémorable bouchée.
Impossible de sy tromper : il est question, aujourd’hui comme hier, dans tous les aspects de la vie, de cette lutte entre un Brésil « d’exportation », expansif, émancipé, en avant, vivant, et un Brésil « d’importation », centripète, colonisé, rétrograde, mort.
Et voilà donc que le drapeau, par sa force iconique, à travers ses usages, ses détournements ludiques (geste symbolique) ou tragiques (geste politique), résume à lui seul cette lutte historique. Aujourd’hui Tarsila se doit d’être expressément politique et militante.

#elenão - Autour d'un drapeau


Image accompagnant un communiqué de n-1 edições, reproduit ci-dessous.


A n-1 edições convida para o
LANÇAMENTO de 7 #cordéis !

Nada disso aconteceu de repente. Mas foi de repente que nos demos conta, como dizia #Kafka, de que as potências diabólicas do futuro já batem à nossa porta.

Como reagir ? Assim que saiu o resultado do primeiro turno, decidimos mobilizar nossxs amigxs e publicar com toda urgência textos que não tivessem medo de tocar no nervo do presente.

Eis os #cordéis daí resultantes, escritos no calor das últimas semanas, para cujo lançamento convidamos a todxs.

#VivaAMorte! _ Laymert Garcia dos Santos
#UmDiaEssaLutaIriaOcorrer _ Vladimir Safatle
#NecropolíticaTropical _ Peter Pál Pelbart
#Elassim _ Jeanne Marie Gagnebin, Tatiana Roque, Carla Rodrigues
#Odiolândia _ Giselle Beiguelman
#NovosEspartaquismos _ Jonnefer Barbosa

Nosso propósito é juntar o máximo de gente em plena calçada do centro da cidade. Os cordéis estarão à disposição, e podem ser carimbados na hora por quem desejar. Um microfone estará aberto para intervenções diversas. Fragmentos dos cordéis serão lidos a céu aberto.

Disseminação. Resistência. Pensamento. Alerta. Contágio. Multiplicação.

18_10
QUINTA
das 17 às 22h
Barouche - Largo do Arouche, 103. [São Paulo]

*
Note :
Ici, dans le mouchoir de poche de Bois Brésil & Cie, tout commence et tout se pense à partir de la mythique et géniale couverture réalisée par Tarsila do Amaral pour le recueil Pau Brasil (1925) d’Oswald de Andrade (voyez la tapisserie du blog) : un habile détournement de la bannière nationale brésilienne, geste minimal et d’autant plus efficace, par simplification du graphisme officiel et escamotage de la devise positiviste empruntée, « Ordem e progresso » (ordre et progrès), au profit d’une autre plus authentique, « Pau-brasil » (le bois brésil, première matière d’exportation brésilienne), primitiviste, nationaliste certes mais en un sens résolument ouvert, en phase et en dialogue avec la modernité, la diversité et l’universel.
Près d’un siècle plus tard, l’idéal d’un Brésil conquérant, progressiste et heureux, tel que le prônait le couple poético-artistique « Tarsiwald », peut sembler contredit, irrémédiablement compromis par le succès fulgurant d’une sinistre figure politique qui n’est qu’un nouvel avatar (mutatis mutandis) de l’intégralisme, éphémère mouvement simili-fasciste préparé, dans le champ culturel, par le courant verde-amarelo (vert-jaune, les couleurs du drapeau brésilien) que l’anthropophagie oswaldienne avait su dévorer d’une mémorable bouchée.
Impossible de s’y tromper : il est question, aujourd’hui comme hier, dans tous les aspects de la vie, de cette lutte entre un Brésil « d’exportation », expansif, émancipé, en avant, vivant, et un Brésil « d’importation », centripète, colonisé, rétrograde, mort.
Et voilà donc que le drapeau, par sa force iconique, à travers ses usages, ses détournements ludiques (geste symbolique) ou tragiques (geste politique), résume à lui seul cette lutte historique. Aujourd’hui Tarsila se doit d’être expressément politique et militante.